Segundo a revista Sábado aconteceu perto de Nantes. O Professor de Físico-química Vincent foi de férias e regressou uma Martine. Não uma professora substituta mas o primeiro professor com algumas alterações na fisionomia. Digamos que a força da gravidade exercida sobre Vincent terá diminuído agora que se apresenta como Martine. Aproveitou as férias, e em vez de ir arejar os calções de banho, procurou assegurar que na próxima paragem vai poder estrear o bikini leopardo.
Diz a revista que "os pais dos alunos do colégio católico Saint-Dominique (...) aceitaram bem o aviso do professor". Uma atitude que não deixa de ser estranha para quem, como eu, vive num país que crucificou uma professora de Mirandela porque a senhora achou que tinha direito a mostrar as partes na revista Payboy. Na semana seguinte a edição esgotou nas bancas e a professora Bruna passou a dobrar circulares sobre bons costumes e comportamentos na Câmara Municipal. A hipocrisia habitual. Foram os espanhóis que compraram as revistas.
Se esta mudança de sexo se passasse num colégio católico português a esta hora o senhor estava com os braços ligados a dois sacos de água benta para lhe ser retirado o demónio do corpinho. O Soro de Deus libertaria o professor das trevas. O insano Vicente que só queria ter um pipi ia voltar a ser o macho que transpirava litros de testosterona a cada intervalo na sala dos professores.
O Vicente cá no burgo ia rapidamente ser colocado na lista de espera das operações para lhe ser recolocado o que havia perdido durante as férias. De forma a tentar recuperar o emprego que perdera ao decidir passar a usar saia travada em vez das calças de sarja. Isto, é claro, se entretanto o "órgão" não tivesse ganho vida nova em alguém com o desejo inverso de transformação. Estou a imaginar Joana, professora de Biologia, a apresentar-se na C+S de Corroios no inicio do ano lectivo numa versão professor Mário Rui. "O que uns não querem os outros aproveitam" - diria ele ainda de soutien por baixo da t-shirt, numa voz rouca e barbinha de três dias por fazer.
Assim que terminada a recuperação e reajustamento do material, Vicente iria provavelmente ser submetido a testes de "machidade" para provar que estava "puro" e por isso capaz de ser "bom professor" novamente.
Em França tanto o Director da escola como o representante dos pais acharam normal a decisão: "pessoal e legítima" e que "não afecta a competência profissional". Concordo. Se bem que ache que vai afectar pelo menos a forma dos alunos olharem para o professor(a). Isto sem falar nas formas do professor(a).»
Texto de Tiago Mesquita, in Expresso online, 17-9-2010
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